19.2.13

Amarração ou Amarrações : Feitiço e Magia do Amor - Tudo aquilo que precisa de saber (Parte 13: A Ética ou Moral da Amarração - Magia do Amor)

Chegou agora a altura de falar de um tema que me parece importante a saber a Ética ou a Moral das Amarrações ou Magia do Amor.
AVISO: Saliento desde já que este tema é muito delicado, e que por motivos de espaço e para todos o perceberem decidi simplificar ao máximo. Devo desde já dizer que não procuro aqui fazer uma Apologia da Amarração, nem uma Condenação da Amarração. As minhas opiniões aqui expostas, não traduzem tudo o que penso e acho sobre o mesmo assunto. Apesar de poder vir a incorrer em riscos de má interpretação daquilo que aqui escrevi, considero o tema demasiado importante para ser ignorado. Por isso, prefiro abordar o tema do que simplesmente ignorá-lo mesmo correndo riscos interpretativos.

Antes demais é importante esclarecer um outro mito que já fui abordado ao longo dos posts, a que chamo do Mito da Negação da Liberdade.

Este mito basicamente diz que as pessoas que estão a ser Alvos de um processo de Amarração vêm o seu livre-arbitrio negado e consequentemente tornam-se uns meros Fantoches dos Comendadores, sem qualquer espaço para escolherem, vendo assim a sua liberdade completamente negada e aprisionada.

Como já tive oportunidade de ir explicando se há coisa que pode fazer com que uma Amarração não funcione é o facto do Alvo mesmo sobre acção das Entidades poder a qualquer altura dizer em consciência e de livre vontade Não às Entidades. Como já expliquei a nossa realidade é indeterminista, ou seja não está determinada e não é previsível. Na consequência disso, e da natureza da nossa própria subjectivadade um dos limites que em qualquer trabalho de Magia as Entidades possuem é o facto de não conseguirem remover a liberdade Humana.
Por conseguinte, a nossa liberdade é existêncial, e nenhum trabalho de Magia consegue negar este ponto. Numa Amarração bem sucedida o Alvo teve de dizer Sim à Entidade.
Consequentemente, um Comendador que se encontre a viver com um Alvo não está a viver com uma Marioneta, mas com uma pessoa Livre que disse Sim ao Trabalho mesmo que condicionada ou persuadida. Tanto é que como já expliquei num post anterior, se o Comendador fizer borrada pode ver o Alvo a afastar-se dele.

Prosseguindo é agora importante considerar como é possível o Alvo relacionar-se com o Comendador se não vê a sua Liberdade Negada.

Uma metáfora explicativa e um conceito que gosto de usar para explicar isto é o de Persuasão.
Portanto, todas as insídias e tentações das Entidades sobre o Alvo vão no sentido de Persuadir o Alvo não só a desejar uma melhor relação com o Comendador (consoante o tipo de trabalho), bem como a colocar o Alvo a Actualizar esses desejos numa relação real e concreta com o Comendador.

Vejamos, quando alguém se dirige a uma grande superfície comercial, a pessoa está a ser persuadida através de cores, imagens, ideias e sons a dirigir-se a determinados estabelecimentos comerciais. No fundo o trabalho do Marketing e Publicidade é esse mesmo, fazer com que as pessoas se interessem por um determinado producto e o desejem, com o intuito de depois darem o passo de não só desejá-lo como comprá-lo.
Esta persuasão é como já indiquei realizada através de Ideias que são transmitidas às pessoas. Quando observamos determinados anúncios publicitários a entidades bancárias em que mais do que falar do próprio Banco, aparece o mundialmente conhecido treinador de futebol José Mourinho a falar sobre si ou algum outro tema, vemos que a publicidade desta Entidade Bancária procura persuadir a obtenção de novos clientes transmitindo uma ideia de Segurança/Escolha Acertada/Confiança/Profissionalismo, etc...
Ou seja, estas ideias que são transmitidas não tanto pelas cores ou sons, mas pela presença de uma figura pública de competência reconhecida, são os meios pelos quais aquela publicidade procura não só que possíveis clientes tenham o desejo de depositar naquele banco a sua confiança, bem como para além do desejo o cheguem mesmo a fazer.
Em ambos os casos, seja o de alguém que vá a uma grande superfície comercial ou dos anúncios publicitários com figuras públicas que transmitem determinadas ideias, qualquer pessoa está a ser Persuadida não só a desejar bem como a tornar real o seu desejo.
E, no entanto, nenhum de nós está a ver a sua liberdade de decisão negada, nenhum de nós é um fantoche, porque apesar da persuasão somos nós que em liberdade temos a última palavra sobre aquilo que fazemos.

O mesmo acontece com as Amarrações, mudando apenas que a Persuasão é realizada por uma Entidade, e quando o trabalho é bem sucedido o Alvo apesar de manter com o Comendador um vínculo mais forte do que uma pessoa mantém com o seu Banco, o Alvo mantém a sua liberdade, isto porque o Alvo vem de livre-vontade (a saber, persuadido) a actualizar aquilo que foi levado a desejar com o Comendador.

Uma vez com isto em mente podemos agora prosseguir para a Ética.

Então, de forma bastante simplista até porque a Ética e a Moral têm muito que se lhe diga, vou resumir a Ética e a Moral, como a procura da Felicidade Pessoal ou Comunitária em Sociedade.

A Ética encontra-se e faz parte de diferentes dimensões da nossa vida, mesmo que não a tenhamos algum dia estudado. Ela encontra-se nos nossos costumes sobre o como se deve fazer e se se deve fazer, ela encontra-se nas nossas leis sobre o que é legal e ilegal, ela encontra-se na política sobre o que é comunitariamente certo e errado, ela encontra-se nos nossos comportamentos como bons ou maus e também se encontra na nossa mente, nos nossos projectos ou intenções como devo ou não devo.

Ao mesmo tempo e ao contrário do que o Homem durante muito tempo pensou, a ética e a moral encontram-se relativizadas no espaço e no tempo. Com isto quero dizer que não existe um conjunto de leis morais universais que todos os seres racionais (como Kant) devam ou não seguir. Ou seja, quero afirmar que a Ética e a Moral encontram-se circunscritas nas culturas em que crescemos e habitamos. Por exemplo, se for convidado para jantar em Portugal e chegar à mesa e comer aquilo que o anfitrião colocou no meu prato com as mãos (sem pedir autorização e com os talheres diante de mim) então o meu comportamento é moralmente errado pois estou a ser «mal-educado» é uma «falta de respeito». Contudo se eu for convidado para jantar em certas culturas da Indía e chegar à mesa e comer aquilo que o anfitrião me colocou no prato com recurso a talheres, então o meu comportamento é moralmente errado pois estou a ser «mal-educado» é uma «falta de respeito» (em certas culturas Indianas os convidados devem comer a comida com as mãos, como sinal de agradecimento pelo convite). 
Ou seja, aquilo que é certo ou errado de se fazer em determinadas situações depende da cultura em que estou inserido.

Mas para além de depender da cultura em que estou inserido, também depende dos valores que cada um tenha.
Hoje em dia muito se ouve sobre «crise de valores», esse termo é um equívoco. Na verdade, os valores não estão em crise, o que eles estão é a ser substituídos por valores que antigamente não eram considerados valores mas desvalores. Por exemplo, antigamente as pessoas tinham o valor de respeitar os mais velhos e cuidar ao máximo do pai e da mãe. Era impensável antigamente os filhos abandonarem os pais em centro de idosos e mal os visitarem. Contudo, hoje em dia vê-se infelizmente com frequência filhos que deixam os pais ao abandono quando estes se tornam inválidos. Em verdade, o que aconteceu não foi o desaparecimento do valor, mas a transferência do mesmo para a ideia de que «eles estão para morrer e dão trabalho, é mais importante seguir a minha vida em frente» (escrevi deste modo para simplificar). Ou seja, aquilo que antigamente era um valor hoje passou para alguns a ser um desvalor, e aquilo que antigamente era um desvalor (não cuidar de pai e mãe) passou a ser para algumas pessoas um valor.

Esta mudança e transformação dos valores deve-se em muito à mesma mudança na sociedade. Em grande medida, as transformações da nossa sociedade são as responsáveis pelas transformações dos valores.

Independentemente disso, cada pessoa comporta em si mesmo um conjunto de valores, e não me refiro àquilo que as pessoas proclamam mas àquilo que as pessoas fazem. Não é muito díficil abrirmos algum meio de comunicação social e observarmos políticos a fazer juramentos na sua tomada de posse e logo de seguida fazerem algum discurso em que enalteçam esses valores e logo de seguida abrirmos os meios de comunicação social e constatármos que estão a fazer exactamente o contrário daquilo que haviam proclamado. Será que os valores se alteraram em tão curto espaço de tempo? Não, só que existe uma diferença entre aquilo que se diz e aquilo que se pensa, e geralmente sabe-se aquilo que se pensa por aquilo que se faz.

Por conseguinte, todos nós temos uma tabela de valores (por assim dizer), que nos ajudam a alcançarmos o fim da Ética, a saber, a felicidade e para o fazer temos de viver numa sociedade, sendo que a sociedade nos ajuda a termos a nossa tabela de valores, ao mesmo tempo que a sociedade pode ser um obstáculo ou uma via para alcançarmos a felicidade.

Para exemplificar, todas as pessoas de uma maneira ou de outra buscam a felicidade, mas como já podemos compreender esta busca é informada pelos valores que temos e pelo que a sociedade possibilita.
Portanto, e simplificando, há pessoas para quem a sua felicidade passa por obter muito dinheiro e para elas a ganância ou riqueza a qualquer custo é um valor. Há ou outras para quem a sua felicidade passa por obter muito poder, e para elas o cinismo ou a agressividade pode ser um valor. Há pessoas para quem a sua felicidade passa por ter materialmente muitas coisas (mais ter coisas do que dinheiro, até porque como vários de vós, já devem ter conhecido pessoas que amontoam grandes quantias de dinheiro só por amontoar e não gastam em nada) e para quem a posse é um valor. Há outras pessoas para quem a sua felicidade passa por ter uma vida honrada, e para elas a virtude e a rectidão são valores. Há outras pessoas para quem a sua felicidade passa por terem uma vida ao lado da pessoa que amam e para elas a família e a fidelidade são valores. Há outras pessoas para quem a sua felicidade passa por fazer da sua vida um auxílio aos outros ou a causas, e para elas o altruismo e generosidade são valores. Etc... Etc... Etc...

Isto está explicado de forma simplista apenas para perceberem a imagem.

Como tal, se é Éticamente ou Moralmente correcto um Comendador desejar e realizar uma Amarração com um Alvo apenas depende do juízo e dos valores do Comendador.

A maior parte dos Comendadores que procuram estes trabalhos valorizam a relação. Contudo, convém ao Mago filtrar comparativamente com a sua própria tabela de valores, se deve ou não realizar determinado trabalho. Se é verdade que existem Magos que realizam qualquer trabalho e deixam o juízo moral a quem pede o trabalho, há outros que em consciência colocam barreiras naquilo que fazem ou não fazem.

Mas a verdade, é que ninguém pode condenar como a infração de uma lei universal uma Amarração quando o fim último da mesma é alcançar determinada relação com o Alvo, apesar de ser livre para o fazer. Em última instância, a moralidade ou não da Amarração assenta no juízo do próprio Comendador, pois regra geral é ele quem irá viver com o Alvo sabendo como em parte conseguiu isso. Agora, poder-se-á questionar: «Então e o Alvo?»
De um ponto de vista, o Alvo pode ser uma víctima, ele não pediu a Amarração disse «Sim» encontrando-se persuadido. Contudo, como expliquei no início deste post o «Alvo» é como a pessoa que está exposta à persuasão publicitária, eu não considero as pessoas que fazem compras em determinadas lojas ou aderem a determinados pacotes publicitários como «víctimas». Somente os considero «víctimas» quando aquilo a que foram «persuadidos» se tornou mau para os próprios.
Um exemplo disso é quando os «Comendadores» em vez de proporcionarem uma vida «boa» ao Alvo, cometem alguma borrada que leva à ruptura da relação. Ai eu considero a «Amarração» como moralmente errada.

Devo salientar, no final deste post que este é um tema muito sensível e delicado, que efectivamente necessitaria de uma maior reflexão. Em parte a minha opinião aqui exposta está sintetizada e tenho receio que conduza a interpretações erróneas ou igualmente simplistas. Não procuro defender as «Amarrações» como algo Moralmente Bom ou como algo Moralmente Mau. Principalmente, considero que a Avaliação Moral da mesma deve em Primeira Instância ser realizada pelo Comendador, e se for necessária Arbitrada pelo Mago(a).
Por último, é uma questão que ficará sempre em aberto: «Os fins justificam os meios?»






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